Plantio de hortaliças sobre palhada é tema de oficina
Combinando técnicas do início da agroecologia com novos equipamentos, a Oficina sobre Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), dia 30 de outubro, na comunidade de Vila Segredo, em Ipê, apresentou formas de adaptação do cultivo de hortaliças ao cenário de mudanças climáticas. O dia de campo trabalhou em meio hectare destinado a hortaliças, onde a família Pauletti fez adubação verde com aveia preta, mas a chuva impediu o pleno desenvolvimento da palhada.
Nesta área, os agricultores e agricultoras de Ipê, Caxias do Sul e Gramado, muitos de origem urbana, estudaram o plantio direto de hortaliças e experimentaram dois equipamentos: um cultivador manual – chamado de saraquá-, e um monotrator movido a bateria, que consegue cortar a palhada e tem uma plantadeira pequena.
A oficina começou, segundo Cesar Volpato do Centro Ecológico, com o resgate do início da agroecologia na região, onde se falava muito no plantio na palhada. “Se começou a usar, 20, 30 anos atrás, algumas espécies tipo guandu, crotalária, mucuna e depois se deixou de usar, de fazer o plantio direto em cima da palhada. E hoje estamos retomando, com um nível de conhecimento agregado principalmente pela Epagri (SC)”.
Também do Centro Ecológico, Gabriel Zanotto falou sobre benefícios do SPDH, como a melhoria da vida no solo, estabilidade térmica e proteção contra erosão. Foram mostradas as principais espécies de adubação verde, para inverno e para verão, a quantidade adequada de palhada por hectare e, no caso das leguminosas, a quantidade de nitrogênio fixado por meio da vida que está no solo. Os agricultores ainda foram apresentados a sementes que não conheciam, como guandu e crotalária e alguns levaram para suas propriedades.
Equipamentos
Na experimentação dos equipamentos, os e as participantes verificaram que o saraquá consegue perfurar uma boa camada de palhada e plantar mudas de hortaliças. Na demonstração do monotrator, compacto e de fácil transporte, também foi aprovada a eficiência no corte da palhada, colocação da semente e do adubo.
“A máquina está sendo desenvolvida para este propósito: plantio direto de sementes grandes e de sementes finas sobre camada de palhada”, relatou Cesar. O Centro Ecológico está organizando a gestão do equipamento, tanto para as famílias agricultoras experimentarem, quanto para o fabricante poder fazer possíveis modificações e melhorias.
Avaliação
No final, Volmir Campagnollo conduziu a avaliação do dia de campo. O técnico falou sobre o propósito do Centro Ecológico de continuar, com as famílias agricultoras, o processo de experimentação, pesquisa e desenvolvimento dos sistemas que até agora têm se mostrado viáveis ao cultivo de hortaliças no contexto de extremos climáticos: com palhada de espécies de adubação verde produzida na própria lavoura, palhada trazida de fora da propriedade (de capim ou de outras matérias orgânicas), em faixas com canteiros de hortaliças intercalados com faixas de produção de palhada, e sombreamento dos canteiros.
Fonte: Centro Ecológico de Ipê