Expoagro Afubra 2024: Informações e indicadores da cadeia leiteira são abordados em seminário
Preço pago ao agricultor, falta de mão de obra, custo de produção alto e dificuldades em relação à sucessão rural. Quando o assunto é a cadeia leiteira, muitas vezes os problemas parecem estar na ponta da língua. Mas e as soluções? Uma análise mais aprofundada do setor, com levantamento de dados, indicadores de eficiência e um planejamento adequado para o futuro pode ser o caminho para que a crise seja controlada. Foi pensando em tudo isso que a Emater/RS-Ascar propôs a realização da primeira edição do Seminário Pecuária de Leite do Rio Grande do Sul.
Como parte da programação da 22ª Expoagro Afubra, que ocorre até a próxima sexta-feira (22/03), em Rio Pardo, o evento realizado no Auditório Central nesta quarta-feira (20/03) teve o objetivo de apresentar e debater o resultado de dois levantamentos: o Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite e a pesquisa do Prêmio Referência Leiteira. Em linhas gerais os documentos apontam que, a despeito da redução do número de produtores na atividade houve a manutenção, ao menos de forma aproximada, do volume de leite produzido nos últimos anos.
Na primeira pesquisa, feita em 2015, eram 84.199 bovinocultores de leite, contra 33.109 da investigação de 2023, uma redução de 60,8% no período. Em contrapartida, a produção anual de leite caiu de aproximadamente 4,2 bilhões de litros por ano para cerca de 3,9 bilhões de litros no mesmo período, uma queda próxima de 9%. “Esses são números que evidenciam que o produtor que permanece na atividade, tem se empenhado em trabalhar de forma a qualificar seus indicadores”, exemplifica o assistente técnico estadual de Bovinos de Leite da Emater/RS-Ascar, Jaime Ries.
Ries trabalha nestes levantamentos desde o início e busca analisar aquilo que os números apresentam. “Sim, já sabemos da questão do preço, mas estamos olhando para os custos?”, questiona, lembrando que se os números não fecham há que se refazer essa conta. O extensionista não ignora os cenários políticos e sociais, bem como as complexidades que envolvem a economia e seus fatores globais, sejam eles o preço do dólar ou mesmo dados de importação ou exportação. “Mas precisamos estar atentos para que, de forma planejada, possamos pensar em futuro”, analisa.
A fala do extensionista da Emater/RS-Ascar Diego Barden dos Santos, que também esteve no mesmo painel, foi ao encontro da de Ries. O mesmo levantamento mostrou que houve uma redução no rebanho leiteiro de cerca de 400 mil animais, enquanto a produtividade cresceu em 4,58 litros de leite por dia, saindo de 11,76 para 16,34 por animal no RS. “E uma análise mais apurada dos dados, levando-se em conta a realidade de cada propriedade, bem como o clima, o tipo de terreno, a área de pastagens, a genética, pode fazer com que melhore essa eficiência”, avalia Barden.
Para o extensionista, cada caso é um caso. No RS há propriedades que produzem 138 litros de leite por dia, contra outras que produzem mais de 30 mil litros de leite no mesmo período. “E o que explica isso?”, questiona Barden. Outros dados, como vacas por pessoa na propriedade leiteira, litros de leite por pessoa por ano, vacas leiteiras por hectare e litros de leite produzidos por hectare ao ano, podem contribuir para que essa equação feche. “O objetivo maior é fazer o produtor olhar pro seu negócio, utilizando as ferramentas de forma adequada para que ele evolua, encarando cada experiência de forma individual”, finaliza Barden.
Como parte do Seminário, também foi anunciada a abertura das inscrições para o 3º Prêmio Referência Leiteira, que reconhece e divulga cases de sucesso em bovinocultura leiteira, e que servem de referência para a superação de dificuldades no setor. Assim como na edição passada, a premiação será dividida em seis categorias: Inovação, Sustentabilidade Ambiental, Bem-estar Animal, Protagonismo Feminino, Sucessão Familiar e Gestão da Atividade Leiteira. Mais informações podem ser obtidas junto ao Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat/RS).
O evento foi organizado pela Emater/RS-Ascar em parceria com o Coletivo do Leite e a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Entre as autoridades presentes estiveram o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera, o secretário adjunto de Desenvolvimento Rural do Governo do Estado, Lindomar Moraes e o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS), Eugênio Zanetti, além do tesoureiro da Afubra, Fabrício Murini.
Baldissera comentou que a área de bovinocultura leiteira é prioridade para a Emater/RS-Ascar, cabendo à Instituição colocar seu corpo técnico à disposição para a elaboração de estratégias que fortaleçam o setor.
Fonte: Divulgação