Diante da maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul vem atuando intensamente em diversas frentes. A instituição conta com mais de 600 pessoas abrigadas em um dos seus campi, está com 300 professores e servidores e mais de 1.000 estudantes dedicados em várias áreas, além de contribuir para projetar o andamento da enchente, bem como medidas para evitar que essa catástrofe não se repita novamente.
 

"A UFRGS sempre está presente quando a sociedade necessita e não poderia ser diferente agora. Estamos colocando conhecimento, recursos e a força da nossa comunidade acadêmica para superar esse momento tão difícil para os gaúchos", afirma o reitor Carlos André Bulhões. "Somos solidários a toda a população que está sofrendo com essa calamidade — e estamos muito mobilizados para a reconstrução do nosso estado", acrescenta Ana Rita Facchini, diretora-presidente da Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS).
 

Das unidades da instituição, apenas a Escola de Administração, localizada no Centro Histórico, foi atingida pela enchente. A reitoria, em atuação conjunta com o Ministério da Educação, garantirá os recursos para o restabelecimento da funcionalidade do prédio. Neste momento, todas as atividades acadêmicas presenciais e não presenciais e o expediente técnico-administrativo da UFRGS estão suspensos até o dia 1º de junho.
 

Confira as principais ações:
 

Abrigo na ESEFID
O campus da ESEFID (Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança) é um dos abrigos que estão recebendo a população, em Porto Alegre. São mais de 600 pessoas acolhidas, incluindo mais de 150 crianças e mais de 50 animais. O Restaurante Universitário do local faz mais de 3.000 refeições diárias, entre café, almoço, janta e lanche. Cerca de 300 voluntários e alunos atuam no local.

Abrigo na ESEFID (foto: Flávio Dutra)

Cessão de veículos
A UFRGS mobilizou seus veículos para apoiar no transporte para a Prefeitura de Porto Alegre, Defesa Civil e Governo do Estado, incluindo carros, cinco caminhonetes, dois caminhões e dois barcos com motor de popa, que apoiaram nos resgates.
 

Instituto de Pesquisas Hidráulicas
O IPH-UFRGS está com forte atuação dos seus pesquisadores, com projeções e mapeamentos de áreas atingidas pelas enchentes, bem como movimento de massa para risco de deslizamento. Com análise de cenário e modelos matemáticos, a equipe faz as previsões dos níveis do Guaíba, com 100% de acerto até agora.
 

Doações
Dez pontos de arrecadação de doações foram disponibilizados na UFRGS, envolvendo 29 unidades acadêmicas e 11 diretórios acadêmicos. Além disso, é feita a triagem e entrega de medicamentos doados para mais de 160 abrigos de Porto Alegre e região metropolitana.
 

Força-tarefa
Um grupo de trabalho liderado pelo professor Diego Eckhard, do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da UFRGS, tem auxiliado o DMAE em encontrar soluções técnicas para mitigar os efeitos da enchente. A Engenharia Elétrica concentra-se nas análises e orientações de procedimentos para religar os motores e bombas que ficaram submersos, enquanto a Hidráulica visa auxiliar nas necessidades para possibilitar drenar as casas de bombas ainda inundadas com o uso de ensecadeiras e bombas externas. Já a Engenharia Civil oferece suporte na análise estrutural das unidades, que estão sob grande estresse. Além dessas atividades, o grupo colabora com o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) na identificação de fornecedores para equipamentos essenciais, como disjuntores e quadros elétricos, grupos geradores e serviços de secagem de motores.
 

Mergulhador ajuda na religação de casas de bombas
Charles Silveira, funcionário da FAURGS, que é mergulhador, foi cedido ao Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) para ajudar a desentupir bombas de escoamento de água, além de localizar bombas que tinham parado de funcionar. Esse trabalho contribuiu para a religação de casas de bombas, auxiliando na diminuição do nível da enchente em Porto Alegre.
 

Auxílio aos estudantes
Com a suspensão do funcionamento dos restaurantes universitários, os alunos da assistência estudantil recebem R$ 50,00 diários para sua alimentação. Os estudantes contam ainda com acompanhamento social, pedagógico e acolhimento psicológico. As Casas de Estudantes também recebem reposição de água.

Equipe da Escola de Enfermagem (foto: Divulgação)

Atendimento de saúde
A Faculdade de Odontologia está promovendo ações de promoção de saúde e atendimentos de urgência para pessoas nos abrigos. Estão sendo feitos ainda kits de higiene bucal. Já a Faculdade de Medicina levou consultas com oftalmologistas para os abrigados, que auxiliaram no fornecimento de óculos para mais de 90 pessoas – algumas delas nunca tiveram o item. A ação teve a parceria das ópticas Coliseu e Foernges. A Escola de Enfermagem presta ainda atendimento à população dos abrigos da UFRGS, Apamecor e Grêmio Náutico União, além de fazer vacinação contra tétano e influenza.
 

Cuidado com os animais
A Faculdade de Veterinária tem feito o atendimento dos pets abrigados na ESEFID, com a participação de estudantes, professores, técnicos veterinários e residentes. A unidade acadêmica também presta atendimento emergencial a animais resgatados, o que incluiu cavalos, porcos, tatu, gato do mato e até uma águia. São feitos procedimentos de baixa e de alta complexidade em plantão 24 horas. Além disso, 24 novas baias passaram a operar na faculdade para a recuperação de cavalos.
 

Arquitetura produz centenas de rodos
A Faculdade de Arquitetura está produzindo centenas de rodos para a remoção da lama de residências, estabelecimentos comerciais e ruas. Mais resistentes, são entregues diretamente às comunidades atingidas, utilizando chapas de compensado e ripas de eucalipto. A montagem é feita de forma voluntária por alunos, técnicos e professores da UFRGS.

Montagem de rodos pela Arquitetura (foto: Divulgação)

Centro de Processamento de Dados
O Centro de Processamento de Dados, que oferece serviços de TI e conexão de alta velocidade para toda a UFRGS, está operacional e apoiando em demandas do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), de órgãos do Governo Estado e da Prefeitura.
 

Reconstrução do estado
O Centro de Pesquisa e Estudos sobre Desastres do Rio Grande do Sul (Ceped/RS), núcleo interdisciplinar vinculado à UFRGS que atua nas pesquisas e estudos dos desastres naturais e antropogênicos e sua dinâmica, passa a integrar o Projeto de Emergência Climática do Pacto Alegre. O objetivo da união é apoiar a implantação de estratégias e estruturas de proteção contra cheias, a educação ambiental e cultura de resiliência, a preparação comunitária e retomada econômica, a aplicação de soluções baseadas na natureza para redução do impacto ambiental da urbanização, o monitoramento e alerta de condições hidrometeorológicas.
 

Observatório das Consequências Jurídicas da Enchente
Criado pela Faculdade de Direito, tem como atribuições a realização de estudos e pesquisas de repercussão social e jurídica relacionados ao tema; promoção de assessoria consultiva às entidades públicas e privadas em iniciativas relacionadas ao atendimento de vítimas e normalização de serviços; articulação com o poder público e com entidades civis tendo em vista a proposição de normas; e articulações com projetos de extensão e de pesquisa já existentes na instituição.

Fonte: Divulgação