Celebração da Paixão de Jesus Cristo medita o comportamento humano, desigualdade e a fome.
A Sexta-feira Santa é uma oportunidade para refletir sobre a morte de Jesus Cristo e seu sacrifício na cruz, de aprofundar sua compreensão sobre o significado e renovar seu compromisso com Deus e com o próximo.
A Campanha da Fraternidade deste ano retomou o assunto da fome no país. Teve como tema ‘Fraternidade e fome” e lema “Dai-lhes vós mesmos de comer”. A celebração da Paixão e Morte de Cristo em Ipê baseou-se na meditação do comportamento humano perante a natureza, a indiferença com quem tem pouco ou passa fome, a desigualdade social e principalmente a fome quando alguns usufruem do exagero e outros pouco tem. Para marcar esse momento e mostrar que toda vez que é negado o Pão e ajuda a quem precisa, é um cravo pregando Jesus na cruz, a paróquia São Luiz Rei distribuiu aos fiéis presentes no Salão Paroquial na tarde da Sexta-feira Santa, 07/04, pregos, simbolizando que todos somos responsáveis pela crucificação. Também houve a encenação da morte de Cristo, momento que emocionou os presentes, e fez refletir sobre quantos seres humanos passam fome e são crucificados como Jesus ao pedir comida para matar a sua fome na mesa dos que mais tem.
Confira o álbum de fotos da celebração
As verdades
Frei Clair José Zampieron em sua homilia, na Sexta-Feira Santa, dirigiu-se a assembleia com palavras firmes, chamando a atenção dos fiéis para os comportamentos diários e com a Igreja. “Enquanto Ele estava vivo, ninguém o viu. Cristãos, o que viemos fazer nesta terra? Estamos aqui apenas para fazer peso ou temos uma missão? Quando, não nos comprometemos. Quando nós não somos igreja. Quando nós ficamos falando do vizinho e achamos desculpas e dizendo as palavras como as ditas a Jesus: você não é judeu, saia daqui! Que cristãos somos?”
Ao explicar uma das cenas da encenação, Frei Clair, usando um martelo, desabafou: “Eles Planejavam festejavam nas festas pascais, deixando em casa as esposas passando fome. Por quê? Por quê? (batida de martelo na mesa) A cada momento é um prego que colocamos na Cruz. Não bastasse isso, quanta gente descomprometida com a igreja. Quando é para a igreja, não tem tempo, mas tem tempo para tudo, menos para ir à igreja. Virou moda ir de uma igreja para outra e na hora que morre veem chamar o padre. Por quê? Por quê? O nosso martelo é para sempre não só para a Sexta-feira Santa.”
Também surpreendeu aos fiéis a proferir a homilia com outra ferramenta, um pé de cabra, que segundo ele, representa a vida de cada um dos cristãos. “Todos nós viemos nessa Terra para deixar uma marca. Mas quantos filhos não respeitam os pais, quando tantos filhos não valorizam os seus pais, quanto tantos maridos não dão atenção nas suas esposas, quantas esposas abandonam seus lares e eu pergunto: É essa a mensagem que vim trazer para essa terra? É esse o Cristo que eu defendo? Qual é o meu compromisso como cristão? Qual é o meu compromisso com Jesus Cristo? Eu escolhi, hoje, essa ferramenta para dizer para vocês que está na hora de mudar de vida, que é hora de assumir o nosso compromisso de ser igreja. Que é hora de deixar a preguiça de lado e participar, não lembrar da igreja somente no dia que morre. Esta ferramenta, eu também escolhi porque quero deixar uma marca para vocês, eu não sei quanto tempo eu vou ficar em Ipê, mas eu quero deixar uma marca para vocês, sabendo que um dia eu falei para vocês as verdades. Sabendo que um dia disse para vocês para serem uma igreja e famílias. Também dizer para se quererem bem. Chega de falar mal da vida dos outros. Chega de fofoca, de intrigas e de divisões. É hora de trabalhar na unidade, nos querermos bem e de trabalharmos pelo bem de todos e por isso eu quero deixar para vocês uma marca e essa marca vai ficar aqui e cada vez que vocês olharem aqui para esta madeira, vocês vão ver que ficou um sulco e aqui eu deixei a marca da verdade, a marca que nós queremos e devemos nos querer bem. Ao levar para casa esse cravo que vocês receberam, lembrem que cada vez que o comodismo tomar conta de vocês é mais um prego que você colona na cruz de Cristo”.
Ao final da celebração, houve a procissão com o Senhor na Cruz pelas ruas ao redor da praça da Matriz.
Fonte/Imagem: Vida no Campo