CDL POA passa a divulgar mensalmente Indicador de Inadimplência de empresas e pessoas físicas
Em maio, as empresas do RS e da Capital atingiram seu maior patamar de inadimplência (13,8%), em 12 meses. E o endividamento de pessoas físicas apresentou leve recuo, mas permanece em altos patamares
O Indicador de Inadimplência da CDL Porto Alegre, que divulga dados de pessoas físicas com limitação em crédito, cheque ou protesto, há cerca de um ano, passa a apresentar também o índice de pessoas jurídicas no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre. Os dados de inadimplência das empresas possuem estudo comparativo de 12 meses, desde junho de 2022.
De acordo com a base de informações restritivas da Boa Vista (SCPC), a maior do Estado, e análise da Assessoria Econômica da CDL POA, as empresas inadimplentes somaram, em maio, 13,8% Rio Grande do Sul e 14,9% na Capital, o que representa, em números absolutos, 191.961 mil pessoas jurídicas no RS e 33.522 mil em Porto Alegre. O número absoluto é calculado com base no total informado pelo “Mapa das Empresas” do Governo Federal.
A entidade apurou que quase metade das empresas inadimplentes (48,7%) tem de cinco a 20 anos de existência. E 74,5% delas faturaram até R$ 360 mil nos últimos 12 meses. O levantamento mostra, ainda, que grande parte delas está entre os segmentos que mais sofreu durante a pandemia, como varejo de vestuário e acessórios (14,9%); minimercado, mercearias e armazéns (9,8%); e restaurantes (7,8%). Sendo que 25,1% delas são MEI (Microempresa Individual).
Já as pessoas físicas inadimplentes somaram 30,64% no Rio Grande do Sul e 33,65% em Porto Alegre em maio de 2023. Houve pequeno recuo em comparação com abril: -0,13 e -0,03 ponto percentual, respectivamente. Apesar da retração, os índices estão no segundo maior nível de toda a série histórica. Em números absolutos, são 2,745 milhões no RS e 392,4 mil na Capital. Entre abril e maio de 2023, 11,6 mil gaúchos deixaram o grupo, sendo 350 porto-alegrenses.
Baixo Score
A Assessoria Econômica da CDL POA destaca, ainda, que quase 72% da população (pessoa física) do RS negativada apresentou score – pontuação que representa a capacidade em honrar compromissos financeiros a partir de diversos critérios – até 322 pontos em maio, de modo que o patamar máximo é de 1.000. As notas reagem tanto às condições macro (custo das linhas de empréstimo e financiamento junto à ponta final, renda disponível, etc.) quanto às decisões no âmbito micro, incluindo as competências (ou sua ausência) para gerenciar adequadamente seus recursos.
Perspectivas:
Conforme a pesquisa da FEBRABAN, realizada entre os dias 10 e 17 de maio com 19 grandes bancos brasileiros, o ciclo de flexibilização da Taxa SELIC começará ao longo do terceiro trimestre (reuniões de agosto ou setembro do COPOM) para 57,9% das instituições ouvidas. Já para 26,3%, o início do movimento será deflagrado no quarto trimestre (encontro de novembro ou dezembro).
Na visão do economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, a reunião do Conselho Monetário Nacional no dia 29/06 a fim de definir os rumos do Sistema de Metas para a Inflação (SMI) é central na determinação dos cenários futuros. “Entendemos que a probabilidade de não termos alterações no SMI ganhou força nas últimas semanas. Caso, de fato, a hipótese venha a se materializar e, por tabela, contamine de maneira benigna as previsões para o IPCA (redução relevante nos horizontes de 2024 e 2025), acreditamos que cortes serão desencadeados em setembro”, analisa o economista.
Frank ressalta que a diminuição dos juros básicos da economia não deve produzir efeito de imediato sobre a inadimplência. Mudanças na política monetária costumam levar de dois a três trimestres até seu impacto pleno. Além disso, a velocidade das quedas tende a ser lenta e gradual.
O Indicador de Inadimplência CDL POA é elaborado pelo Núcleo Econômico da Entidade e mede mensalmente a inadimplência dos consumidores e das empresas do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre. O levantamento par pessoas físicas teve início em fevereiro de 2022 e o de pessoas jurídicas iniciou-se em junho de 2022. Ambos mostram a parcela de pessoas físicas ou jurídicas com algum tipo de restrição a crédito, cheque ou protesto.